Caneta e papel na mão.

Posted: quinta-feira, 20 de outubro de 2011 by Sung Ho in Marcadores:
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Desde as pinturas pré-históricas nas cavernas, passando pelos tabletes (de barro) da Suméria, pelos papiros egípcios, pelos papéis de seda da China, chegando aos modernos papéis da atualidade, o homem sempre escreveu. Com pedaço de osso, galho de planta, pincéis dos mais variados, bico de pena, Mont-Blanc: a escrita é a maior invenção humana!
 
Hoje temos um problemão (em minha opinião, claro): as pessoas, no geral, perderam o costume de escrever...
 
Acho isso ruim? Em parte sim. A escrita revela muito daquilo que pensamos e até daquilo que somos. Sou daquelas pessoas que gosta de uma letra bem escrita, da dedicação em produzir um manuscrito de qualidade. Sempre me vêm à memória recordações do meu avô, que mesmo depois dos seus 80 anos, copiou a Bíblia inteira quatro vezes! Ele sempre me dizia que ao fazer isso, ele lia a bíblia três vezes: uma ao copiar, outra ao escrever, e por fim,  para conferir se aquilo que copiara estava certo. Fantástico a habilidade que ele tinha em escrever, como um copista medieval... o que ele fazia não era uma mera atividade de “escrever”, ele fazia arte. Nós perdemos essa arte.
 
Não sou contra a tecnologia, muito pelo contrário, tenho um notebook iMac, uma iPad, Blackberry, produzo meus textos, na sua grande maioria, direto na tela do computador. Mas, em quase todas as vezes que faço isso, sinto falta daquela folha de papel para fazer aquele rabisco-rascunho, sublinhar, pintar, riscar, reescrever (confesso que é difícil encontrar tempo para preparar um rascunho antes de escrever). Sem “deletar”:  tudo registrado. É como se o papel deixasse o rastro de cada lapso de pensamento que veio à tona na sua mente. É verdade que no meu caderno não tenho um mundo de aplicativos. Também, não preciso de nenhum deles quando estou escrevendo, apenas de um espaço em branco e de uma caneta.
 
Tenho um caderno, algo precioso. Não é apenas um diário. Registro, e procuro registrar tudo o que vem à minha cabeça de relevante, tudo o que Deus fala comigo. Lá estão os preciosos rabiscos de uma mensagem dominical, utopias, decepções, temores, alegria, incertezas, orações. Sabe qual é a vantagem do caderno? E principalmente de se escrever nele a caneta? É que você não pode apagar. Tudo estará lá para você ler daqui a dois dias ou vinte anos, para você e para quem quiser ler.
 
Hoje mesmo, estava sentado em um coffe-shop, tomando expresso, comendo um pedaço de bolo e escrevendo nesse caderno. Na verdade, ao escrever, estava falando com Deus.
 
Escrever, para mim, é a tentativa de ser profundo, em meio a um mundo tão superficial de raso. É minha luta constante contra a preguiça..
 
Tenho certeza que esse amor pela escrita vem do meu amor pelos livros. Por isso da minha dificuldade, por exemplo, com os e-books. Simplesmente NÃO CONSIGO LÊ-LOS. Se você lê a Bíblia na tela do seu celular, você é meu herói.
 
Observação final: Como eu gostaria de ter escrito esse texto, primeiro à mão. Mas o tempo não me permitiu. Nesse sentido, meu maior inimigo agora foi o relógio.

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