Resumo do Livro: Ensinar, Verbo Transitivo

Posted: sexta-feira, 20 de agosto de 2010 by Sung Ho in Marcadores:
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Livro: Ensinar Verbo Transitivo.

Autor: Cássio Miranda dos Santos

Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém. Por isso do uso do verbo transitivo.

É desse pressuposto que o autor parte para o seu livro.

"Aquele que ensina, esmorece no fazê-lo" (Rm 12:7)

Relação importante entre aprender e ensinar. Só ensina quem aprende e continua aprendendo.

"Mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)

"Não se pode dizer que alguém ensinou, se ninguém aprendeu" Lauro de Oliveira Lima

A interdependência entre ensino e aprendizagem pode ser comprovada na análise dos termos hebraicos referentes a ensinar e aprender. No AT, há uma estreita relação entre os dois conceitos: “... ouvi ó Israel, os estatutos e juízos que hoje vos falo aos ouvidos para que aprendais... “, “ouve os estatutos que eu vos ensino”. As palavras hebraicas empregadas são muito semelhantes: “aprendais” aparece no texto hebraico como ûlemadetem, enquanto que “ensino” aparece como melaméd. As duas palavras têm a mesma raiz, só diferenciando-se nos prefixos e sufixos; a raiz comum, cuja transliteração é lámad, significa literalmente aprender. Contudo se alterarmos, unindo-a a um prefixo (conhecido no hebraico como piel) seu significado altera sensivelmente. O que era “aprender” passa a ser “ensinar”. Segundo a gramática hebraica, o termo piel, quando associado a uma determinada raiz, indica que a nova palavra, no caso, um verbo, está totalmente dependente da ação referida no radical. Em outras palavras, quando lanço o Piel como prefixo de um verbo, o novo verbo que surge caracteriza-se por “ocupar-se avidamente da ação indicada pela raiz”. Logo, ensinar implica empregar-se com avidez no projeto de conduzir os alunos à aprendizagem. O bom professor é aquele que ensina, que se dedica à tarefa de levar seus alunos ao aprendizado. É aquele que entende que seu sucesso depende do sucesso de seus alunos.

O autor qualifica em quatro pontos o chamado do professor a ensinar: saber, fazer, ter e ser.

Para ensinar é preciso saber. Em busca da competência científica.

Princípio: "Nemo dat quod non habet" Ninguém dá o que não tem. A importância do conhecimento sobre a matéria que o professor lecionará, ou seja, posse de conhecimento científico.

Necessidade de humildade: sempre há mais o que aprender. Contra a anorexia pedagógica (relaxamento, professores que se contentam com o que sabem e não buscam o seu aprimoramento) e a bulimia pedagógica (ensinar, vomitar conhecimento novo sem uma prévia reflexão).

Só sei que nada sei. Sócrates (citado pó Platão in: "Apologia de Sócrates", o primeiro discurso, 21d).

"Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber" Paulo.

Para ensinar é preciso fazer. Em busca da competência técnica.

É preciso fazer da aula um momento propício à aprendizagem. Não adianta saber muito se não sabe ensinar. Ter competência técnica é saber se comunicar com os alunos. Equilíbrio no uso de metodologia e recursos pedagógicos.

"O modo como o aluno aprende deve determinar o modo como ensinamos". Howard Hendricks.

Duas visões de educação. A primeira é a Educação Bancária, nas palavras de Paulo Freire, que compreende o aluno apenas como receptáculo das informações vomitadas pelo professor. Outra visão é a do Escolanovismo, que vê que não é possível ensinar nada a ninguém, logo o professor tem seu papel limitado à quase que somente o de um animador ou um espectador.

Equilíbrio: Educação como um processo conjunto de construção do conhecimento, no qual o professor interage com o aluno criando condições para que o mesmo caminhe rumo ao conhecimento com os próprios pés, mas não desordenadamente e desorientadamente, como ocorre nas tendências mais românticas, e nem com os "pés do professor" como ocorre no modelo de Transmissão Cultural ou Educação Bancária.

Professor: Não é aquele que dá o peixe assado ao aluno, mas sim, aquele que desperta a fome dele, levando-o à beira do rio, permitindo que ele veja os peixes e se depare com o problema: "como farei para tirar os peixes dali?". Possibilita que o aluno observe como os pescadores experientes fazem isso.

"Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se ensinares a pescar, vais alimentá-lo pelo resto da vida". Láo-Tse.

"Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção" Paulo Freire.

Para ensinar é preciso ser. Em busca da competência humana.

É muito importante que o professor não somente domine o conhecimento e a metodologia do ensino, mas também tratar seus alunos de maneira humana e digna: ser respeitoso, educado, compreensivo, humilde, etc.

Exemplo: um professor que procura ter competência humana esforça-se por chamar cada aluno pelo nome, tratando a cada um como indivíduos e não como meros números.

É preciso conhecer a ciência, mas também é necessário conhecer o aluno! É aqui que se enfatiza o relacionamento pessoal do mestre com seu aluno. O professor humano é empático, tem capacidade de sentir junto com os seus alunos os problemas que o afligem e que certamente comprometem o seu aprendizado.

Ser professor com competência humana implica ser tolerante e paciente com as dificuldades de alguns alunos, em plena época da informática, não tenhamos paciência nem mesmo com o computador que demora um pouco mais do que gostaríamos para processar uma informação.


Para ensinar é preciso ter. Em busca da competência política.

Um professor com competência política é um professor que desempenha com esmero o seu trabalho e cumpre com dedicação a sua função de educar. É a capacidade de ser cidadão e formar cidadãos.

Competência política refere-se à responsabilidade profissional e social do professor. Um professor que não ensina que "enrola" a aula demonstra, acima de tudo, muita incompetência política. Esse professor prejudica a sociedade em que ele está inserido.

Compreensão política também se expressa por meio de uma compreensão mais ampla das relações entre a escola e a sociedade, que passaria necessariamente pelas questões de suas condições de trabalho e de remuneração, ou seja, assumir uma posição ética diante da sociedade através do trabalho que ele desempenha.

É preciso ter profissionalismo. Ser profissional não quer dizer ser mercenário ou trabalhar só por dinheiro ou fama. Mas sim, desempenhar a sua "profissão" com e por amor, com zelo e responsabilidade.

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